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Gosto de sentir o vento no meu rosto

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Entre os locais inusitados visitados pelo britânico Tony Giles, está a Antártica, em janeiro e fevereiro deste ano. Foto: Zero Hora.
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Aos 32 anos, o britânico Tony Giles contabiliza 60 países em sua lista de viagens. A deficiência visual não o impediu de passar por todos os continentes. Viajante independente, traduziu parte de suas experiências no livro Seeing The World My Way (Vendo o Mundo do Meu Jeito, em tradução livre, sem edição em português). Ainda mantém um site com relatos, fotos e vídeos de suas jornadas. Zero Hora conversou com ele por e-mail. Confira trechos.

Viagem – Como driblar a ausência da visão em uma viagem?

Tony Giles – Caminhando pelas ruas, comendo, sentindo cheiros dos alimentos, das flores, da brisa do mar. Tento sentir a atmosfera, ouço a música, converso nas ruas. Gosto de sentir os terrenos nos meus pés, o vento e o sol no meu rosto.

Viagem – Como você faz para se orientar?

Giles – Uso minha bengala longa, o som do tráfego para me dar um senso de direção, a sensação do sol no meu rosto. Costumo usar as diferentes texturas no chão, como a grama, pedras, estradas. Caminho muito para sentir o lugar.

Viagem – Sobre o que fala o livro?

Giles – Sobre minhas viagens a Estados Unidos, Austrália, Nova Zelândia, Tailândia e Vietnã. Descrevo as experiências de viajar sendo deficiente visual, fazendo coisas como bungee jump e paraquedismo, mais o contato com animais como cobras, crocodilos e cangurus. Mostro que a cegueira não pode impedir ninguém de buscar seus sonhos.

Viagem – Por que viajar sozinho?

Giles – Porque me dá liberdade. Mas também viajo acompanhado. Agora estou viajando com minha namorada, que também é cega. Passamos por Grécia, Irlanda, Grã-Bretanha e, agora, Roma.

Viagem – Quando foi a primeira viagem independente?

Giles – Em 2000, quando estava estudando nos Estados Unidos. Fui a New Orleans para ficar uma semana. Foi incrível.

Viagem – Você já veio ao Brasil?

Giles – Em 2004, fiquei cerca de um mês e adorei. Visitei Rio de Janeiro, Fortaleza, Natal, Recife, Olinda, Salvador, Porto Seguro e São Paulo. Adorei beber água de coco nas praias. As pessoas são amigáveis, a comida é incrível, principalmente os sucos.

Viagem – Recentemente você esteve na Antártica.

Giles – Estive na Antártica em janeiro e fevereiro deste ano. Encarei a natureza em sua forma mais selvagem, o som dos pássaros e dos pinguins, a sensação da neve macia debaixo dos meus pés, o vento frio no meu rosto. Pintei um retrato em minha mente de como era a Antártica.

Viagem – Quais os países oferecem melhor estrutura para viajantes cegos?

Giles – Nenhum país é perfeito. Inglaterra, Estados Unidos, Canadá, Austrália, Nova Zelândia, Alemanha e Finlândia têm melhor estrutura. Mesmo em países e cidades menos amigáveis aos cegos, muitas pessoas estão dispostas a ajudar.
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